quinta-feira, setembro 29, 2011

CRÔNICAS DO METRÔ RIO

            Depois de algum tempo fui dar uma de Valéria e Janete, só que no metrô que, diga-se de passagem, anda pior que o pobre e velho trem! Chego à plataforma e,... Pasmem, quando penso que não, está formado atrás de mim um “mulão” de mulheres (carro feminino é claro). No momento em o metrô pára o pobre do funcionário tenta organizar, mas é ignorado por uma avalanche de pessoas do sexo feminino que grita: “empurra, empurra, empurra que cabe todo mundo!”. Kkkkk. Aí você simplesmente segue o fluxo, não precisa se preocupar porque fatalmente será carregada para o interior do vagão! E é exatamente o que acontece. Tudo milimetricamente apertado, muitos cotovelos, mas pelo menos são todos femininos, o que ocasiona muitas maxi-bolsas daquelas que só nós sabemos usar, algumas parcas mochilas e mini bolsas (como a minha).
A partir deste instante entram em cena as psicólogas do vagão analisando meticulosamente a indignação de uma senhora que foi “OBRIGADA” a pedir que outra mulher pusesse sua mmaaxxii-bolsa para baixo, pois estava sendo alvejada pela ponta malvada do super objeto que além de carregar coisas importantíssimas, também comporta os maiores devaneios femininos! A senhora bem vestida, aparentando uns 40 anos, reclamava indignada da falta de sensibilidade do cabide ambulante e afirma categoricamente que “não guarda nada no coração”. Uma das psicólogas, que parecia ser uma diarista de uns 45 anos discorre sobre como é importante não alimentar mágoas porque isso não leva a nada; temos que nos levantar todos os dias e dizer que o dia será ótimo com a graça divina e que, como hipertensa e cardíaca, o patrão já havia lhe dito que se ficasse nervosa, poderia morrer de uma hora para outra; então ela havia decidido levar a vida desta forma.
Então surge outra psicóloga mais nova, uns 28 anos, mais despojada, indo para mais um dia de trabalho em uma loja na zona sul. Ela fala de como leva a vida nestas situações, não consegue apenas ficar quieta, “não é de levar desaforo pra casa”, e relata uma experiência pessoal em que teve que retirar a mão de outra mulher que estava obstruindo a passagem. Esta tal mulher não queria ser encostada por ninguém (gente, ela estava no carro das mulheres do Metrô Rio, kkk), então nossa psicóloga de plantão, após pedir licença educadamente, dá a solução: “Ô minha senhora, se você não quer ser encostada, paga um táxi”, pega o braço da mulher e tira da frente! Imaginem a cena, porque eu fiquei imaginando o “bafão” em pleno metrô da zona sul!
Enfim, final de viagem as divas do salto alto foram saindo gradativamente e os suspiros de alívio foram sendo ouvidos, incluindo os das duas psicólogas de hoje! Ah, gente, mas vejam que adorável! Ainda há espaço para delicadezas entre nós do mundo rosa: umas oferecendo lugares disponíveis para as outras! Parecem que se conhecem há anos!