sábado, outubro 30, 2010

PROCEDIMENTO PERIGOSO

Procedimento perigoso
Publicado em 30/10/2010 às 13:30 hs.
Há momentos em que parece ser cristalina a percepção de que o povo brasileiro já não tem em seu cardápio comportamental e educacional as questões da ética e da moral. A natureza consumista já fixou raiz no conceito de valor de vida a uma massa gigantesca da população. Para tal, todos os conceitos e regras sociais se submetem ao consumo de bens que reverte a ordem que deve imperar na condução de uma sociedade com sólidos fundamentos no seu comportamento ético e moral. Não há como este estilo de vida, fora desses fundamentos, trazer benefícios concretos no desenvolvimento do País, da Nação. É conflitante esta postura com a boa organização social.
Os fatos e acontecimentos dos últimos tempos no Brasil estão nos conduzindo, pela lógica, a um momento de grave crise social. A manipulação da população pelos governantes é algo criminoso e que, cedo ou tarde, apresenta a fatura que espero não tenha o valor da mesma moeda que hoje paga o povo mexicano, o sangue. Os resultados dessas atitudes dos que estão à frente do Poder são deveras inconseqüentes e o pior, com plena consciência dos atos praticados, não se importando com o custo social para a manutenção do mesmo.
Mensalão, corrupção na Casa Civil da presidência, usurpação da privacidade fiscal, destruição do sistema de infraestrutura, deslavada relação com a classe política corrupta tais como Sarney, Jader Barbalho, Collor de Mello, Renan Calheiros, desorganização do sistema educacional brasileiro, a saúde à míngua, o desrespeito pelo presidente aos mandamentos constitucionais e às regras éticas que o cargo de Presidente da República exige, parentes usufruindo indiscriminadamente do tráfico de influência e muitos outros desmandos e desrespeito a ordem jurídica constituída, entre eles o uso de bens e serviços públicos como avião e de pessoal pelo presidente Lulla na campanha de sua enteada política. Nada disso está na observação do povo no momento de sua decisão pelo voto. A visão do voto está no fator consumo.
Somente o despreparo educacional da população permite o aceite de tudo isso. Facilmente cooptada por trocados dos programas sociais, a maioria da população brasileira deixa-se levar pelas mentiras e programas ilusionistas como o da habitação com a construção de dois milhões de casas populares e do PAC que, em oito anos, não conseguiu finalizar uma obra sequer. Para a população, as falcatruas pelos dirigentes do PT com o Bancoop, da morte de Celso Daniel, das mordomias do Cid Gomes com as viagens de jatinho acompanhado da sogra, da comentada reforma do apartamento de cobertura do presidente pela iniciativa privada via Constran do Sr. Olacyr de Moraes e outros babados, não estão sendo consideradas. Sem falar no processo da Dilma no Superior Tribunal Militar – STM, mantido em sigilo absoluto para não sujar a ficha.
O desespero de uma derrota da Dilma leva ao descalabro da propaganda eleitoral falar que Lulla e Dilma governarão o Brasil nos próximos quatro anos. Induz ao eleitor incauto que Lulla continua na presidência e que a vida do eleitor será de mais consumo ainda ao se referir aos programas sociais, ou seja, com mais distribuição de dinheiro. Fica a pergunta: Dilma vai aceitar opiniões do Lulla ou receberá ordens dele? Conseguem iludir a população com o tal pré-sal que foi descoberto pela Petrobras nos anos setenta, mas que, à época, impossível de exploração por questões de tecnologia, hoje existente. Não menciono o prazo de retorno dessa exploração do pré-sal que só se dará, caso nada aconteça, após o ano de 2022.
Por isto tudo, não me permito ver com boa perspectiva o Brasil nos próximos anos, caso se confirme a Dilma no Poder. Na Prefeitura de Porto Alegre ela deixou marcas da sua capacidade de administrar ao quebrar com as finanças da cidade e deixar os funcionários sem salários por alguns meses. Olívio Dutra foi obrigado a mandá-la embora. O povo vai pagar e muito pela estratégia do Lulla. Sabedor da limitada capacidade da enteada política, já se julga de novo na presidência em 2014. Caso se confirme o desastre, ele volta para arrumar tudo. Caso a Dilma tenha uma surpreendente administração, foi ele quem a elegeu. Eleger Dilma, insegura na fala e mentirosa nas promessas é um procedimento temeroso. A atitude de Lulla de impor a Dilma ao povo é um procedimento perigoso.

Raphael Curvo – Jornalista, advogado pela PUC-RIO e pós graduado pela Cândido Mendes-RJ

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